sexta-feira, março 26, 2010

a paixão do Papa Bento

Nuno Serras Pereira

25. 03. 2010


Hoje celebra-se o dia em que o Deus Filho, pelo poder do Espírito Santo, Se fez um organismo unicelular humano, ou seja, se fez homem, no seio da Virgem Maria.

Faz hoje quinze anos que o bom Papa João Paulo II deu ao mundo aquela luminosa encíclica que, nas palavras do então Cardeal Ratzinger, é um dos quatros pilares da Igreja no terceiro milénio, a saber, O Evangelho da Vida. Foi inspirados por este esplendor do Amor que dela irradia que vários países e nações decidiram celebrar neste dia 25 de Março, nove meses antes do Natal, o Dia da Criança concebida e (ainda) não nascida, ou da criança a nascer. É também em memória deste Acontecimento que todos os dias 25 há grupos de pessoas espalhadas por Portugal inteiro rezando à porta de hospitais, centros de saúde e clínicas onde se esquartejam estes filhos de Deus e irmãos nossos.

Por tudo isto andava eu pedindo as inspirações do Espírito Santo para vos escrever alguma que servisse de acção de graças pelos trabalhos fecundos que têm salvado tantas crianças, de estímulo e de ânimo para não desanimar, de reparação ao Senhor e a Sua Mãe santíssima pelas ofensas tantas e tamanhas que este povo lhes tem feito, e também de conversão maior ao Amor que é este Evangelho.

Mas Deus do Céu!, só consigo pensar na Criança a sofrer. A Criança que é Jesus assim martirizado, ainda antes de nascer, mas também que é conspurcada nas crianças abusadas por quem o devia representar, torná-Lo presente. Porém esta Criança é também o santo e inocente Papa Bento XVI. Sua Santidade, santo Deus é tão claro e evidente!, por cada caso que conhece de qualquer criança abusada, ainda para mais por Padres, sente o seu bom coração trespassado por uma espada, cada abuso é para ele um suplício, um flagelo, uma coroa de espinhos quer por causa das crianças e menores quer por causa do Sacerdócio corrompido, maculado, coberto de imundície. Desde sempre, como Padre, como teólogo, como Bispo, como Cardeal e agora como Papa lutou denodadamente e com o maior desassombro contra os membros da Igreja que a queriam destruir, mudar, reinventá-la em vez de a receber do Seus Senhor. Avisou, advertiu, exortou, admoestou, apontou as consequências nefastas da hybris, mas foi sempre incompreendido, caluniado, posto a ridículo e, não obstante nunca retrocedeu um passo, permaneceu constante na Verdade, sempre se confiou ao Senhor. A fecundidade do seu labor com João Paulo II e agora a do seu Pontificado é patente e, sem sombra de dúvida, será um dos grandes nomes que ficará na história da Igreja e da humanidade.

“Deus que não poupou o Seu próprio Filho” parece também não querer poupar o Seu humilde servo Bento XVI. E eis que agora se desencadeiam furacões de falsidades, tempestades de meias verdades, tsunamis de falsos testemunhos, vulcões de ódio contra o Inocente. É preciso agredir aquele que torna presente o Salvador do mundo, maculá-lo, escarrá-lo, desfigurá-lo, eliminá-lo com “sentenças” injustas. Esmagai o infame!, acabemos com a Igreja!, dêmos rédea solta ao Maligno!, só a ele serviremos porque só ele nos satisfaz todos os caprichos e desejos.

Claro que tudo isto não é dito em voz alta, mas é pensado e cuidadosamente planificado. Levantam-se suspeitas, insinuações, manipulam-se as notícias de modo a que a massa conclua e diga aquilo que eles não ousam proferir. Mas se a Igreja diminuir significativamente o seu peso e influência no mundo verificar-se-á que ela era o baluarte que protegia e promovia o bem das crianças e dos jovens. A pedofilia não só será legalizada como será indicada como a iniciação mais aconselhável a uma sexualidade sã…

Santo Papa Bento, eu estou contigo, nós estamos contigo (este tu que aqui uso é o mesmo respeitoso com que me dirijo a Jesus Cristo nas minhas orações pessoais) e ajudar-te-emos como Simão de Cirene a levar a Cruz.

Tu que toda a vida foste o que Jesus nos mandou – ser como as crianças - és hoje a Criança a sofrer.