quinta-feira, março 27, 2008

portugueses podem ajudar o povo tibetano

Petição a favor da aprovação pela Assembleia da República de uma moção que condene a Violação dos Direitos Humanos e da Liberdade Política e Religiosa no Tibete

Invadido pela República Popular da China em 1949, o Tibete tem vindo a sofrer a perda de vidas, liberdades e direitos humanos, num autêntico genocídio cultural e étnico.

Em Março de 1959, uma revolta contra a ocupação chinesa foi esmagada e S.S. o Dalai Lama viu-se obrigado a deixar o seu país, encontrando exílio na vizinha Índia, onde chefia hoje o Governo Tibetano no exílio. Foi seguido por cerca de 80.000 tibetanos.

Como resultado da ocupação chinesa, morreram mais de um milhão de Tibetanos: um sexto da população. Os Tibetanos, devido ao contínuo afluxo de imigrantes Chineses, são actualmente uma minoria no seu próprio país.

[...]

Podem os parlamentos da comunidade internacional, incluindo o parlamento português, fechar os olhos a esta triste realidade, sacrificando por décadas aos seus interesses materiais o mais elementar direito do povo tibetano a Ser?

Cidadãos do mundo podem ajudar o Tibete

Votemos no referendo on-line sobre um eventual boicote aos jogos olímpicos de Pequim como forma de pressão sobre a China a favor da libertação/auto-determinação do Tibete. Embora nos custe penalizar um evento (na sua essência) desportivo para conseguir efeitos concretos nos direitos cívicos dos povos, parece-nos que a urgência e transcendente prioridade destes justificam o recurso àqueles meios em face da escassez/inexistência de alternativas.

Ainda este ano Portugal foi confrontado com a necessidade de cancelar o Lisboa-Dakar depois de tanto investimento material e emocional no projecto. Se aguentámos esse revés, também a poderosa China aguentará a quebra de receitas. E perceberá assim de uma vez por todas(?) que para ser um actor respeitado da cena internacional, há-de também submeter-se ao consenso internacional a favor do respeito pela auto-determinação dos povos colonizados/conquistados.

Não apoiou a esta China a luta armada contra Portugal em vários países africanos, por exemplo Angola e Moçambique? E escandaliza-se agora com a possibilidade sequer de que o Dalai Lama possa ter dado algum simples apoio moral à insurreição do seu povo? É a hipocrisia total de quem se julga já um novo senhor do mundo e chega a atrever-se a comparar o seu "modus operandi" ao comportamento português de hoje!

Pela nossa parte, acreditamos mais no Dalai Lama do que em todo o Comité Central do Partido Comunista Chinês. E gostaríamos que o Dalai Lama se mantivesse no posto que ao longo de tantos anos honrou com a sua intervenção pacífica mas corajosa. Referência do seu povo e da sua causa, sem outro interesse na sua libertação que o de ver o seu povo livre das grilhetas, a sua demissão neste momento poderia representar a maior ajuda objectiva à postura objectivamente colonialista e imperialista da China.

Apoiemo-lo, votando no inquérito do movimento Portugal pro Vida ou engrossando a voz que corre no AVAAZ.

Tibete livre, Paz para o Tibete

Perante a sucessão de violências ocorridas nas últimas semanas no Tibete, a comunidade internacional (Nações Unidas incluídas) vai perdendo a face para reclamar o direito à auto-determinação dos povos, quando deixa em claro tantos anos as legítimas aspirações do Tibete. É certo que, em teoria, as causas de independência devem ser defendidas sem recurso à violência... Na verdade, porém, poucas nações a conseguiram desse modo. E quanto tempo se pode exigir à paciência de um povo?

No mínimo, tal como já aconteceu nos jogos olímpicos de Moscovo e nos de Los Angeles, seria de equacionar seriamente um boicote internacional a um momento de (quase pura) propaganda da ditadura chinesa. Não assumir com coragem o primado dos princípios no concerto dos povos, pode valer alguma simpatia comercial imediata da nova super-potência, mas poderá custar ao mundo um preço muito maior pago em Dignidade, Justiça e Paz...

Não nos digam que é impensável um tal desafio ao "sorriso amarelo". Já antes nos aconselhava certa prudência "antes vermelhos que mortos". E também houve quem lhe respondesse com razão:

Ni rouges, ni morts - libres!

terça-feira, março 25, 2008

resposta ao Editorial e Tema de capa da edição de 19.03.08 da "sábado"

Ex.mº Sr. Director,

Quem, como eu, tiver adquirido o número da sábado de 19.03 pode ter sido tomado pelo mesmo sentimento de desolação perante os textos anunciados por títulos tão sonoros:
"O PSD que está à direita de Gengis Khan"
"Os negócios milionários da Igreja em Portugal"

Atentemos no primeiro. Desconhecendo se Gengis Khan era um incorrigível reaccionário de direita ou um "progressista" revolucionário de esquerda, certo é que o título parecia sugerir uma ala "skin-head" discretamente infiltrada no PSD. E afinal o editorialista da sábado - nada mais nada menos que "a Direcção" - nada mais tinha para apresentar que o novo(?) caderno de propostas sociais e, em particular, de políticas a favor da família. Em vez de remeter para o "pensamento político" de um remoto Gengis Khan, teria sido mais interessante apontar alguns paralelos(?) com propostas de um movimento emergente - o Portugal pró-Vida. Desde o compromisso com a revogação da Lei do Aborto, à proposta de fim das quotas para os filiados... vários elementos poderiam demonstrar como o PSD está a tentar resolver o seu problema de falta de propostas concretas (discutido há semanas na imprensa, perante apelos da liderança ao partido-que-pensa). Podia inclusivé estabelecer-se um paralelo com o que, à esquerda, se passou em certas fases da vida do PS e BE. Ao concluir, finalmente, que "este PSD quer trazer de volta o Portugal do séc. XIX", a Sábado pode até ter dado um contributo maior para a instabilidade da comunidade educativa portuguesa do que o famoso video YouTube da aluna do telemóvel confiscado. Como? Deixando a pairar no ar a ideia de que talvez Gengis Khan, suposta figura de referência do ultraconservadorismo... de que, por sua vez, o PSD supostamente estaria próximo, fosse uma figura do séc. XIX. Não hão-de ter faltado leitores a consultar o oráculo da Wikipedia sobre esse terrível chefe Mongol...

Em relação ao segundo artigo, a decepção foi quase total. Quando o país discute como vão ser investidos 6.000 milhões de euros no seu novo aeroporto e talvez mais no TGV a Sàbado, prestigiada revista de actualidade, consagra oito páginas a discutir verbas que, comparadas com aquelas, são "peanuts". E se bem que não resistisse a comentar algum nervosismo que este tipo de investigação naturalmente causa, não lhe ficaria mal registar o bom exemplo para a classe política dado por quem, com uma mensalidade de 200 a 300 euros, pode gerir com probidade um investimento de 5 milhões. Há poucos anos, um célebre autarca socialista dizia ser quase impossível pedir a um político que gerisse tantos milhões, com um vencimento tão "baixo" como... vinte vezes o do pobre ecónomo dos salesianos!

Luís Botelho Ribeiro

sexta-feira, março 14, 2008

palavra de Presidente

Palavra de Presidente é para ser escutada e ter consequências. Foi com muito gosto que seguimos as intervenções recentes do Sr. Presidente da República em terras brasileiras, enfatizando o "grande traço de união" que representa a comunidade portuguesa radicada no Brasil e a língua portuguesa, património comum de "muitas e desvairadas gentes". Como defendemos nas presidenciais de 2006, Portugal deve assumir-se cada vez mais como "charneira" ente o mundo europeu, a América do Sul e África. A recente presidência portuguesa da União Europeia auspiciosamente seguiu esta mesma linha e, a manter-se o rumo, os frutos acabarão por surgir.

Naquilo que nos diz respeito, sem dúvida que a Palavra de Presidente tem mostrado ser consequente. Logo em 25 de Fevereiro, nos chegou a reposta à sugestão (12.02.08) de maior cuidado no "aportuguesamento" do sítio da presidência, assinada pelo chefe da casa civil, Dr. Nunes Liberato. E efectivamente poucos dias depois já o termo "boletim informativo" substituía o anglicismo "newsletter". Muito bem!

Aguarda-se com muito interesse e alguma apreensão a próxima encíclica, digo, reflexão sobre o "discurso presidencial". A nossa apreensão prende-se no seguinte: quando se diz "Discurso presidencial tem de ter força"; "Presidente deve falar para ser escutado"... dá-se imediatamente um sinal de fraqueza, logo complementado por um "caso contrário, posso optar pelo direito de reserva".

A mensagem que passa (especialmente para o cidadão ainda não estivesse consciente da eventual fraqueza do presidente) é esta:
- Senhores do poder executivo, escutem-me, atendam às minhas mensagens porque senão...
- Senão, o quê?
- Senão... senão amuo e calo-me!

Na realidade, parece-me que tanta ênfase na ideia do "presidente da estabilidade" é excessiva porque vai comprometendo o presidente com uma linha de "não-intervenção", como um rei que abdicou. E assim, não tem que se surpreender por "não ser escutado". Não foi escutado na sua mensagem à Assembleia da República sobre a lei do aborto - e essa foi a situação quanto a nós mais grave - como noutras situações. Ou quando foi atendido (natalidade, educação, inclusão), fica a ideia que só formalmente o foi, quase como quem diz: "vamos ajudar o Sr. presidente a terminar o seu mandato com dignidade..." Ao contrário (e bem gostaria de fugir a este exemplo - se pudesse...) Mário Soares era bem escutado quando volta e meia lá agitava o espantalho da "dissolução da assembleia". Não me parece que seja esta conduta politicamente "semi-terrorista", algo a seguir. Mas a virtude há-de andar algures lá pelo meio dos dois extremos...

Muita gente que votou Cavaco Silva se questiona se tanta "fraqueza" se pode explicar simplesmente pela simpatia do Presidente Cavaco pelo estilo Sócrates ou pela esperança do apoio à re-eleição. Certo é que, no meio desta nuvem de mistério, a figura presidencial já não aparece com a força do início e... corre o risco de ficar ainda mais frágil ao assumir que "o presidente deve ser escutado"... e não é!

Por mim, não publicava uma tal reflexão. Dava "às malvas" a reeleição e agia de acordo com a consciência e o sentido da História. Que vale uma reeleição "traficada" contra o silêncio e cumplicidade diante de tanta coisa que temos visto nesta governação e o povo sente na pele? Liberdade, garantia constitucional do direito à Vida (art.º 24 da CRP, de que o Presidente - convém lembrar - é o garante), licenciatura nebulosa / assinatura de favor em projectos de engenharia (segundo relatou a imprensa), liberdade de imprensa, desemprego crescente, guerra no ensino, agonia do Sistema Nacional de Saúde, ataque à justiça, impasse na "casa Pia", etc...etc... etc...



quinta-feira, março 13, 2008

Jornalismo de sarjeta, (praticado) por Emídio Rangel

Paulo de Carvalho - Apoiado!

Solidariedade com o Prof. António Pedro Dores

Alertado pelo António doPortugalProfundo, tomei conhecimento do processo intentado pelo MP contra António Pedro Dores. Quero testemunhar aqui e onde for preciso a minha solidariedade com o Prof. António Pedro Dores, cujo trabalho na ACED sigo e aplaudo vivamente. O obituário das prisões portuguesas é um escândalo internacional que exige das autoridades medidas para melhorar as condições de detenção em Portugal, em vez de um processo contra o mensageiro de "verdades inconvenientes".

Luís Botelho Ribeiro

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A voz ao "medalhado":

Acabei de ser medalhado com um processo crime.

Fiquei a saber porque dizem alguns que isto não é um Estado de Direito e outros que a liberdade está em risco.

Dizem que a realização de um sujeito depende de três coisas: plantar uma árvore, fazer um filho e escrever um livro. Andava eu chateado sem mais nada para fazer, eis senão quando as forças das trevas (como aquelas que colocam vírgulas e buracos legislativos nos diplomas legais ou na sua regulamentação) se materializam numa queixa que os denuncia: Ei-la!

Felizmente, conheci em boa hora quem saiba explicar com exactidão ao que vêem e como e para onde se hão-de ir, tais forças: Leia com tempo e por prazer. Estamos sempre a aprender.

Obrigado José Preto!

2008, 11 de Março

(António Pedro Dores)

terça-feira, março 11, 2008

cidadania e coragem numa escola de Braga

Os professores do Departamento de Línguas e Literaturas, da Escola Secundária D. Maria II, Braga, na sua reunião ordinária de hoje, 5 de Março, abordaram, inevitavelmente, o modelo de avaliação que nos querem impor. Após demorada, participada e viva discussão, os respectivos professores decidiram redigir e aprovar o documento que, de seguida, transcrevo na íntegra:
. Atendendo a que, sem fundamento válido, se fracturou a carreira docente em duas: professores titulares e não titulares;
. Atendendo a que essa fractura se operou com base num processo arbitrário, gerando injustiças inqualificáveis;
.Atendendo a que os parâmetros desse concurso se circunscreveram, aleatória e arbitrariamente, aos últimos sete anos, deitando insanemente para o caixote do lixo carreiras e dedicações de vidas inteiras entregues à profissão;
. Atendendo a que, por via de tão injusto concurso, não se pode admitir, sem ofensa para todos, que seguiram em frente só os melhores, e que ficaram para trás os que eram piores;
. Atendendo a que esse concurso terá repercussões na aplicação do assim chamado modelo de avaliação, já que, em princípio, quem por essa via acedeu a titular será passível de ser nomeado coordenador e, logo, avaliador;
. Atendendo a que, por essa via, pode muito bem acontecer que o avaliador seja menos qualificado que o avaliado;
. Atendendo a que o modelo de avaliação é tecnicamente medíocre;
. Atendendo a que o modelo de avaliação é leviano nos prazos que impõe;
. Atendendo a que o modelo de avaliação contém critérios subjectivos;
. Atendendo a que há divergências jurídicas sérias relativas à legitimidade deste modelo;
. Atendendo a que o Conselho Executivo e os Coordenadores de Departamento foram democraticamente eleitos com base nas funções então definidas para esses órgãos;
. Atendendo a que este processo, a continuar, terá que ser desenvolvido pelos anunciados futuros Conselhos de Escola, Director escolhido por esse Conselho, e pelos Coordenadores nomeados;
. Nós, professores do Departamento de Línguas, da Escola Secundária D. Maria II, não reconhecemos legitimidade democrática a nenhum dos órgãos da escola para darem continuidade a um processo que extravasa as funções para as quais foram eleitos;
. Mais consideram que:
. Por uma questão de dignidade e de solidariedade profissional, devem, esses órgãos, suspender, de imediato, toda e qualquer iniciativa relacionada com a avaliação;
. Caso desejem e insistam na aplicação de tão arbitrário modelo, devem assumir a quebra do vínculo democrático e de confiança entre eles próprios e quem os elegeu, tirando daí as consequências moralmente exigidas.
Notas:
1 - Dos 22 professores presentes, 21 votaram favoravelmente e 1 votou ccontra:
2 - Para além de darem conhecimento imediato deste documento aos órgãos, ainda democráticos, da escola, os professores decidiram dá-lo a conhecer a todos os colegas da escola;
3 - Decidiram também dar ao documento a maior divulgação pública possível, e enviá-lo directamente para outras escolas e colegas de outras escolas;
4 - Pede-se a todos os professores que nos ajudem na divulgação deste documento, e que o tomem como incentivo e apoio para outras tomadas de posição;
5 - Este documento ficou, obviamente, registado em acta, para que a senhora ministra não continue a dizer que nas escolas está tudo calmo, e que só se protesta na rua;
6 - A introdução e as notas são da minha exclusiva responsabilidade;
7 - Tomo a liberdade de agradecer com prazer aos professores da Escola Secundária D. Maria II, Braga, e principalmente às mulheres, as mais aguerridas, pelas posições firmes que têm assumido, e por rejeitarem qualquer outro lugar que não seja a linha da frente da luta pela dignidade docente. É um orgulho estar entre vós.
António Mota
Escola Secundária D. Maria II, Braga