sexta-feira, setembro 28, 2007

se não podes vencê-los...


...junta-te a "eles"!

Os bombeiros portugueses já se começam a mentalizar para o "novo desafio". Fazem bem, uma vez que veio para ficar esta política de encerramento das maternidades "altamente inseguras" de Barcelos, Mirandela, Elvas, Chaves, Amarante, Santo Tirso (onde veio ao mundo este vosso criado) e tantas outras por esse país fora...

Qual a mãe que não preferirá dar à luz o seu filho no aconchego duma ambulância, "assistida" por um maqueiro e um motorista, em vez de correr o risco de o ter às mãos duma equipa de obstetras com menos de 1500 partos / ano?

Dilema salomónico!...

terça-feira, setembro 25, 2007

Concorda com... o seu centro de saúde transformado em matadouro?

«Até ao final do ano haverá quatro centros de saúde a promover a interrupção voluntária da gravidez (IVG) quimicamente. O programa arranca em Viana do Castelo [..] e seguir-se-ão, até ao final do ano, os centros de saúde de Penafiel, Paredes e Amarante"» cit. do DN de 22. 09. 2007.

Foi com um misto de estupefacção e revolta que lemos as notícias recentes sobre a intenção de iniciar o programa de abortos em centros de saúde – e logo com três unidades do distrito do Porto entre as quatro primeiras do país: Paredes, Penafiel e Amarante. As notícias faziam-se eco de declarações do coordenador da área de saúde materna da Administração Regional de Saúde do Norte, o zeloso executor a Norte da política criminosa deste governo contra a vida humana.

Perante isto, podem ficar a assistir passivamente a esta verdadeira provocação os cidadãos de municípios que no passado dia 11 de Fevereiro responderam maioritariamente “não”? Se é certo que o país se inclinou para o “sim”, iludido por uma série de mentiras postas a circular na campanha eleitoral, não é menos certo que em todos os quatro concelhos indicados para mais esta “inovação” do governo os cidadãos responderam expressivamente “NÃO”. Com tantos concelhos por esse país fora em que o “sim” venceu largamente, a escolha cínica destes quatro não pode ser interpretada senão como uma provocação gratuita aos sentimentos humanistas e religiosos da maioria dos seus habitantes.

Relembremos os resultados do referendo ao aborto em 2007. Em Penafiel, o “sim” perdeu expressivamente por 37% contra 63%. Em Paredes, perdeu novamente por 33,9% contra 66,1%, o mesmo sucedendo em Amarante onde, apesar de se tratar de uma autarquia do PS, o “sim” se ficou pelos 41,7%. Finalmente em Viana do Castelo, mesmo tratando-se de um município fortemente urbano, o “não ao aborto” saiu também aí vencedor com 54,1% dos votos.

Se o grupelho que nos governa(?) tivesse um mínimo de respeito pelos valores democráticos, graças aos quais ocupa o poder, não deixaria de atender de alguma maneira à vontade expressa pelos cidadãos através do voto, lançando esta medida em concelhos escolhidos ao acaso, e não segundo este critério capcioso e provocatório, como dissemos. Se este fosse um governo de democratas, não se atreveria a promover os abortos em locais sem condições para atender possíveis complicações – os centros de saúde - depois de ter apresentado a legalização do aborto como a solução para o “aborto em vão de escada, sem condições de segurança para as mulheres”. Se este fosse um governo de gente responsável, não entraria a elaborar tardiamente um conceito de “aborto de proximidade” de que nunca se falou durante a campanha eleitoral – uma política, portanto, gizada às escondidas do eleitor, sem o seu aval, contraditória com as ideias anunciadas durante a campanha e, consequentemente, um ilícito democrático.

Por outro lado, será que o anunciado projecto já levou em linha de conta a provável (e louvável) objecção de consciência dos profissionais naqueles centros de saúde? Ou estará a contar com uma maior eficácia das “pressões” sobre os (poucos) enfermeiros e médicos dos centros de saúde do que aconteceu nos grandes hospitais? Anunciando o projecto para arrancar já na próxima semana em Viana, os boys do PS nas direcções dos centros e/ou da própria DRS-Norte lá terão a sua estratégia para fazer as coisas, e talvez contem com o factor-surpresa para impedir a tomada de consciência e consequente resistência dos cidadãos discordantes.

E é justamente a essa consciência que esta mensagem em primeiro lugar se destina. Não podemos ficar de braços cruzados à espera que nos transformem os nossos centros de saúde em campos de extermínio humano. Não podemos aceitar que as mãos que de manhã nos prestam os cuidados de saúde primários, sejam de tarde postas ao serviço da morte de seres humanos inocentes. Antes que alguns de nós, por nojo, se sintam obrigados a deixar de entrar nestes locais hoje exclusivamente consagrados à protecção das nossas vidas, melhor é que demos as mãos para impedir que nos roubem o que é nosso: os nossos centros de saúde, os nossos médicos e enfermeiros sempre solidários, competentes e conscientes do valor absoluto da vida humana.

As formas concretas do nosso protesto podem ser mais ou menos imaginativas e diversos os arautos. Das mais silenciosas - como vigílias de oração nas igrejas - às mais ruidosas, como buzinões diante dos centros de saúde ameaçados. Algo terá de ser feito se não quisermos ver à nossa porta os primeiros centros de morte deste inaudito programa de “aborto de proximidade”. No limite não será de excluir mesmo a convocação de uma manifestação ordeira – todos sabemos como o “sms” e o email podem operar “milagres” de mobilização cívica. E, por falar em milagres, num momento tão funesto não será de desaproveitar a “força dos sinos” numa diocese como a do Porto, particularmente animada pelo novo pastor que do Alto lhe foi dado.

segunda-feira, setembro 24, 2007

Naufrágio do «Luz do Sameiro»


«Como a Marinha os deixou à sorte - A Marinha de Guerra conhecia desde as 06h42 a zona onde naufragara o pesqueiro ‘Luz do Sameiro’ – mas uma investigação do CM demonstra que só perto das 8h30 chamou os meios de socorro, que chegaram tarde. Só um tripulante foi salvo. Morreram seis pescadores»
Eis a síntese do Correio da Manhã para os trágicos factos ocorridos há menos de um ano numa praia do (far)-oeste português.


"Como a Marinha os deixou à morte!" apetece dizer. Como o governo português nos deixa a todos expostos à morte, quando assim desgoverna

Foi a 29 de Dezembro de 2006 na praia da Légua - e o governo lá se explicou no parlamento, como de costume. Seis pescadores mortos - nenhuma responsabilidade política.





Foi assim em 4 de Março de 2001 - sessenta paivenses desaparecidos com a queda de uma ponte esquecida pelo governo (sem a intervenção reclamada pelos técnicos 15 anos antes em 1986) e em linha com uma barragem "desgovernada" (Torrão): nenhum governante no banco dos réus!

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Agora o armador, depois de ter perdido o próprio filho e o barco num mar cuja navegabilidade o governo afinal não garante, vê-se a braços com a intimação para desembolsar 20.000 euros necessários à remoção do barco da praia, com a indemnização que ainda não teve por recusar um "corte" de 125 mil euros...


Estão identificados muitos locais ao logo das costas portuguesas onde se acumulam restos de redes. O que espera o governo para proceder à limpeza desses locais que põem em risco a vida
de pescadores, navegadores e veraneantes? Ou pelo menos, que os sinalize com bóias de aviso - era o mínimo que se exigia!

De políticos capazes de pôr um ar bem compungido perante os "acidentes" que a sua incúria permite, estamos "bem" servidos - já o sabemos. Agora precisávamos mesmo de governantes responsáveis e consequentes, preparados para fazer o seu "trabalho de casa" ou de gabinete - longe das câmaras de televisão mas... realmente "a bem da nação".

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No sábado passado, finalmente...

( Não, não começaram a limpar o mar das redes, não deram à Justiça as condições para funcionar em tempo útil, nem resolveram qualquer dos problemas de segurança que estiveram na origem da tragédia do "Luz do Sameiro" - que para
isso não têm vistas amplas nem a razão iluminada pela luz do Sameiro de Braga, de Santa Luzia de Viana do Castelo ou por todos os faróis juntos da costa portuguesa...)

...sentindo que é preciso tranquilizar o povo - e que é muito mais barato montar um "show" aparatoso de vez em quando do que tratar efectivamente dos problemas - lá estava a RTP (sempre solícita a transmitir as mensagens que interessam ao poder e sossegam o povo) a mostrar urbi et orbi (que é como quem diz, "às Caxinas e ao mundo") como o sistema de busca e salvamento está... salvo! A ideia era realizar uma simulação dum naufrágio com posterior busca e salvamento da tripulação sinistrada. A ideia era, com isso, mostrar ao povo como é rápida a evolução tecnológica e digna de pasmo a inovação organizacional nos nossos dias; perguntando com Eça "quem não admirará os progressos do nosso século (XIX)?", digo, do séc. XXI. Mas deixemos em paz o bom velho Eça de Queirós que não vem aqui ao caso senão de raspão por a coisa de dar na Póvoa. A ideia era, pois, demonstrar como é afinal já hoje possível salvar tripulações ali a 100m da costa, quando tal parecia "impossível" há tão pouco tempo... em 29 de Dezembro de 2006!

Send
o uma iniciativa duma associação de jovens pescadores (naturalmente preocupada com as condições de segurança no seu "local de trabalho"), lá estavam "todos" os do costume: polícia marítima, GNR, polícia municipal, bombeiros, camera-men! A uma distância muito próxima da costa (para que as viúvas das Caxinas vissem bem como o estado português se organiza para seu sossego futuro), funcionou tudo aquilo que os pescadores têm de ter sempre pronto para as inspecções - os sinais de fumo, os very-lights, a balsa de salvamento, os coletes salva-vidas, as pagaias de emergência, enfim toda a palamenta da praxe - mais o sangue frio e a paciência para esperar pelos meios aéreos que, uma vez mais, não vieram!

Sim, se o objectivo era mostrar como funciona o dispositivo de busca e salvamento... então este foi atingido. Na praia, a polícia marítima colocava umas belas fitas de demarcação da área de socorro... para conter os curiosos que afinal já estavam bem "contidos" lá mais acima na marginal.


No mar, a corveta de guerra (certamente chamada muito antes, dada a sua baixa velocidade de cruzeiro) lá andava a rondar a distância conveniente, fosse pelo seu grande "calado", fosse para não correr riscos e emaranhar as hélices em alguma rede perdida... Certo é que conseguiu dissuadir com êxito qualquer veleidade de a Al Quaeda aproveitar o ajuntamento para lançar um atentado a partir do mar. Neste ponto, a missão da marinha pode-se considerar um êxito total. E os "náufragos" da simulação de encalhamento lá parece que acabaram por ser salvos... por outra embarcação de pesca (pelo menos assim não pareceu de cá de longe). É assim, ò pescadores. Hoje, como no tempo de D. Fernando I, ou vos assistis mutuamente ou não espereis do actual estado euro-português muito mais do que subsídios ao abate de vossos navios.

E o helicóptero, cuja chegada triunfal e redentora os alti-falantes anunciavam "às Caxinas e ao mundo", quando já esperávamos o ritmo cavo das heli-pás - substituto moderno do "toque de carga" do quinto de cavalaria nos westerns do cinema americano - eis que... o helicóptero afinal não veio*. Ficámos todos de cara à banda, à espera de Godot... Talvez fosse mesmo o momento certo para as nossas oposições "para-lamentares" formularem uma proposta de rebaptizar os nossos fieis
EH101 com os mais apropriados nomes de Godot1, Godot2, etc.

Enfim, lemos na imprensa do dia seguinte que se encontrava desaparecido um surfista numa praia na região de Espinho, um pouco a sul. Esperamos que a falta do helicóptero se devesse a esta razão - e mais ainda desejaríamos que as suas buscas fossem ali coroadas de êxito. Se foi este o caso - e supomos que sim - é claro que aplaudimos a justa hierarquização das prioridades: primeiro o modo-socorro, só depois o modo-"demo".


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* soubemos mais tarde que acabou por chegar às 11h30, a hora para a qual estaria supostamente marcado o "acidente". Porém, o altifalante ia
pelas caxineiras ruas convocando o público para as 9h30. Com pequenos atrasos, as coisas terão começado um pouco depois. Da margem foram visíveis diversas fases das operações entre as 10h00 e as 10h30. Admitindo que o "alarme" fosse dado às 10h15, ainda assim esperou-se cerca de uma hora e um quarto.

** Ouvimos entretanto que não só as buscas não foram infelizmente bem sucedidas mas que não terão envolvido meios aéreos - mas esta é uma informação sem confirmação. A confirmar-se, então nem aquela justificação que acima adiantámos se sustentaria. Conviria então saber-se a que distância os meios de socorro aéreo se encontram das Caxinas, para se perceber se um tal tempo de socorro se justifica: Caso contrário, seríamos levados a pensar que o dispositivo operacional de busca e salvamento leva tão a sério os exercícios de simulação de situações de emergência que... os conduz na estrita observância das mais rigorosas normas de descoordenação das comunicações de que dá mostras quando o "caso é a sério" (como se verificou no recente caso "Luz do Sameiro") .

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já agora...

Há anos, um barco da Póvoa de Varzim, ali perto, foi atingido por um foguete da festa da Assunção e ardeu completamente como se mostra na imagem . Ao que sabemos, continua por se fazer justiça, com a comissão de festas, a câmara municipal e... o tribunal sem darem a solução que o caso reclama e o desespero do proprietário já merece. Do poveiro retiramos com a devida vénia a imagem da revolta do cidadão: "museu das festas..."

quarta-feira, setembro 19, 2007

tempus fugit

Esgota-se o tempo e a paciência dos «cidadãos de segunda» que Portugal abandona à sorte nas vilas e aldeias do interior condenado.

No paço discute-se a "queda dos graves", fazem-se experiências com Portugal em graves quedas no plano inclinado, no plano acelerado para a "litoralização" do país:

1º Encerrem-se-lhes as maternidades - para que tenham os filhos em casa ou nas ambulâncias - e abram-se-lhes abortadouros, para que deixem de os ter de todo

2º Encerrem-se-lhes as urgências - que a pressa mora nas cidades e o "ideal de vida rural" consiste no regresso a uma vida calma, sem pressas nem urgências

3º Encerrem-se-lhes as escolas - que o "saber de experiências feito" se aprende na "escola da vida" no "livro aberto da natureza"

4º Encerrem-se-lhes os serviços de atendimento permanente - eles que adquiram hábitos e método para adoecer ou magoar-se a horas certas, dentro do período de expediente

5º Se ainda assim não desistirem de recorrer aos Serviços Públicos, lance-se-lhes a Brigada no encalço

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da imprensa

5 minutos
segundo as primeiras informações, a actuação da BT terá sido "normal" e a ambulância "não terá ficado mais de cinco minutos" retida na estrada...

15 minutos
Face ao seu estado, foi chamada uma ambulância para transferir o doente para o hospital de Ponte de Lima, numa viagem que, em condições normais, "nunca demorará mais de 15 minutos"

20 minutos
a ambulância esteve parada na estrada "perto de 20 minutos" à ordem da BT

50 minutos
as horas registadas da saída da ambulância de Arcos de Valdevez e sua entrada em Ponte de Lima são, respectivamente, 16:00 e 16:50, mas ressalvou que isto não quer dizer que este tenha sido o tempo que demorou a viagem, uma vez que "pelo meio há várias formalidades a cumprir"

poucos minutos
"O meu cunhado morreu poucos minutos após entrar no hospital"

parar
"É bom frisar que não se tratava de uma ambulância normal, mas sim uma ambulância privada, que normalmente não faz urgências, pelo que é normal que a BT a tenha mandado parar"


O tempo voa...