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«Como a Marinha os deixou à sorte - A Marinha de Guerra conhecia desde as 06h42 a zona onde naufragara o pesqueiro ‘Luz do Sameiro’ – mas uma investigação do CM demonstra que só perto das 8h30 chamou os meios de socorro, que chegaram tarde. Só um tripulante foi salvo. Morreram seis pescadores»
Eis a síntese do Correio da Manhã para os trágicos factos ocorridos há menos de um ano numa praia do (far)-oeste português.
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"Como a Marinha os deixou à morte!" apetece dizer. Como o governo português nos deixa a todos expostos à morte, quando assim desgoverna
Foi a 29 de Dezembro de 2006 na praia da Légua - e o governo lá se explicou no parlamento, como de costume. Seis pescadores mortos - nenhuma responsabilidade política.
Foi assim em 4 de Março de 2001 - sessenta paivenses desaparecidos com a queda de uma ponte esquecida pelo governo (sem a intervenção reclamada pelos técnicos 15 anos antes em 1986) e em linha com uma barragem "desgovernada" (Torrão): nenhum governante no banco dos réus!
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Agora o armador, depois de ter perdido o próprio filho e o barco num mar cuja navegabilidade o governo afinal não garante, vê-se a braços com a intimação para desembolsar 20.000 euros necessários à remoção do barco da praia, com a indemnização que ainda não teve por recusar um "corte" de 125 mil euros...
Estão identificados muitos locais ao logo das costas portuguesas onde se acumulam restos de redes. O que espera o governo para proceder à limpeza desses locais que põem em risco a vida de pescadores, navegadores e veraneantes? Ou pelo menos, que os sinalize com bóias de aviso - era o mínimo que se exigia!
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De políticos capazes de pôr um ar bem compungido perante os "acidentes" que a sua incúria permite, estamos "bem" servidos - já o sabemos. Agora precisávamos mesmo de governantes responsáveis e consequentes, preparados para fazer o seu "trabalho de casa" ou de gabinete - longe das câmaras de televisão mas... realmente "a bem da nação".
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No sábado passado, finalmente...
( Não, não começaram a limpar o mar das redes, não deram à Justiça as condições para funcionar em tempo útil, nem resolveram qualquer dos problemas de segurança que estiveram na origem da tragédia do "Luz do Sameiro" - que para isso não têm vistas amplas nem a razão iluminada pela luz do Sameiro de Braga, de Santa Luzia de Viana do Castelo ou por todos os faróis juntos da costa portuguesa...)
...sentindo que é preciso tranquilizar o povo - e que é muito mais barato montar um "show" aparatoso de vez em quando
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Sim, se o objectivo era mostrar como funciona o dispositivo de busca e salvamento... então este foi atingido. Na praia, a polícia marítima colocava umas belas fitas de demarcação da área de socorro... para conter os curiosos que afinal já estavam bem "contidos" lá mais acima na marginal.
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E o helicóptero, cuja chegada triunfal e redentora os alti-falantes anunciavam "às Caxinas e ao mundo", quando já esperávamos o ritmo cavo das heli-pás - substituto moderno do "toque de carga" do quinto de cavalaria nos westerns do cinema americano - eis que... o helicóptero afinal não veio*. Ficámos todos de cara à banda, à espera de Godot... Talvez fosse mesmo o momento certo para as nossas oposições "para-lamentares" formularem uma proposta de rebaptizar os nossos fieis EH101 com os mais apropriados nomes de Godot1, Godot2, etc.
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Enfim, lemos na imprensa do dia seguinte que se encontrava desaparecido um surfista numa praia na região de Espinho, um pouco a sul. Esperamos que a falta do helicóptero se devesse a esta razão - e mais ainda desejaríamos que as suas buscas fossem ali coroadas de êxito. Se foi este o caso - e supomos que sim - é claro que aplaudimos a justa hierarquização das prioridades: primeiro o modo-socorro, só depois o modo-"demo".
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* soubemos mais tarde que acabou por chegar às 11h30, a hora para a qual estaria supostamente marcado o "acidente". Porém, o altifalante ia pelas caxineiras ruas convocando o público para as 9h30. Com pequenos atrasos, as coisas terão começado um pouco depois. Da margem foram visíveis diversas fases das operações entre as 10h00 e as 10h30. Admitindo que o "alarme" fosse dado às 10h15, ainda assim esperou-se cerca de uma hora e um quarto.
** Ouvimos entretanto que não só as buscas não foram infelizmente bem sucedidas mas que não terão envolvido meios aéreos - mas esta é uma informação sem confirmação. A confirmar-se, então nem aquela justificação que acima adiantámos se sustentaria. Conviria então saber-se a que distância os meios de socorro aéreo se encontram das Caxinas, para se perceber se um tal tempo de socorro se justifica: Caso contrário, seríamos levados a pensar que o dispositivo operacional de busca e salvamento leva tão a sério os exercícios de simulação de situações de emergência que... os conduz na estrita observância das mais rigorosas normas de descoordenação das comunicações de que dá mostras quando o "caso é a sério" (como se verificou no recente caso "Luz do Sameiro") .
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já agora...
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Há anos, um barco da Póvoa de Varzim, ali perto, foi atingido por um foguete da festa da Assunção e ardeu completamente como se mostra na imagem . Ao que sabemos, continua por se fazer justiça, com a comissão de festas, a câmara municipal e... o tribunal sem darem a solução que o caso reclama e o desespero do proprietário já merece. Do poveiro retiramos com a devida vénia a imagem da revolta do cidadão: "museu das festas..."
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