quarta-feira, março 30, 2011

censos 2011

De visita ao Reino Unido, acompanhei a polémica que ali se levantou pela atribuição da componente informática dos Censos a uma empresa com um histórico duvidoso em matéria de Direitos Humanos, ligada como tem estado às operações aliadas no Iraque.

Surpreendeu-me esta polémica, e pus-me a imaginar se as autoridades portuguesas também teriam sub-contratado a componente informática. À partida nunca imaginaria que no INE não existissem as competências necessárias e suficientes à criação e manutenção do site dos Censos. Certo é que no sítio dos censos (https://censos2011.ine.pt) toda a "paternidade" pelo sítio é assumida pelo INE (© 2011 - Instituto Nacional de Estatística ), o que se saúda - especialmente num país em que a regra é a auto-desresponsabilização - quando há bronca (vd. caso das presidenciais2011).

Porém, pensando melhor recordo que em centenas de outras instituições do Estado é prática corrente a sub-contratação (outsourcing) de serviços especializados. Tudo "normal", portanto, se de facto o sítio dos Censos tiver mesmo sido sub-contratado. Já a questão da sub-contratação de serviços do expediente normal é que não se compreenderia tão bem... e exemplos disso não falta na administração central e local!

Ora se a estrutura informática dos Censos é concebida, executada e gerida por profissionais, não se compreende que após ter feito a experiência tenha deparado com o seguinte conjunto de deficiências:

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-preenchi ontem metade do inquérito "censos2011" e cliquei em "guardar" para prosseguir hoje. Esta manhã, após fazer o login foi-me pedido para mudar de password (o que fiz) e a seguir apareceu-me o inquérito todo em branco - por alguma razão (eventualmente por ter mudado de password) a informação foi-se toda...

-Liguei diversas vezes para o número de apoio: ninguém respondeu.

-Nas opções "outro concelho" o concelho actual ainda figura na lista da "drop-down box", o que não devia acontecer.

-Nas perguntas de caracterização profissional de quem está actualmente desempregado, faria falta uma ressalva clarificando que se referem à última profissão exercida;

-O email de confirmação do envio ainda não chegou, 15 minutos depois de selada a resposta (ainda virá?)

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A corrigir até aos novos Censos de 2021...

sexta-feira, março 25, 2011

o erro de Salazar

Se, durante os anos 60, Salazar tivesse recorrido aos instrumentos da democracia ocidental, talvez uma solução bem simples pudesse ser encontrada para os conflitos africanos, satisfazendo os quesitos da ONU e das potências ocidentais: um referendo aos povos propondo i) manutenção do status, integrados em Portugal ou ii) auto-determinação ou iii) independência.

Faltou espírito democrático a Salazar e talvez o resultado (então como hoje...) pudesse surpreender o zeitgeist...

sexta-feira, março 04, 2011

Uma escola para Angola

 Caros amigos,

Recebi hoje uma alegria que quero e devo partilhar convosco que contribuistes ou de alguma forma ajudastes a divulgar o apelo «uma escola para Angola». Recebi hoje as primeiras fotografias da escola já com o telhado e portas. Em breve há-de estar pronta a receber muitos «meninos (e meninas) do Huambo» ávidos de aprender «coisas de sonho e de verdade», como dizia a canção do Paulo de Carvalho. Ontem mesmo recebi um telefonema de lá a relembrar-me da necessidade de formação contínua dos professores. Sei que com as salas prontas, teremos igualmente muitas solicitações nesse sentido - eles contam connosco e, segundo o relato do Prof. Salomão, já se pré-inscreveram 1800 professores de toda a região...

Hei-de precisar, pois, de reunir um conjunto de formadores disponíveis para graciosamente, presencialmente ou via internet, partilharem os seus conhecimentos com aqueles que do lado de lá do mar querem prestar um melhor serviço às crianças e jovens que lhe estão confiados. Confio que conseguiremos, como no passado, mobilizar a generosidade dos portugueses (e outros) para, desta feita, partilharem o valor imaterial do seu saber e experiência com os nossos irmãos de Angola.

Mas agora a hora é de alegria partilhada e de um grande abraço de agradecimento por aquilo que se conseguiu começar, com a nossa pequena ajuda e a boa-vontade dos angolanos que, perante a nossa iniciativa, se mobilizaram para fazer o resto. Em anexo uma foto de como a Escola da missão do Tchinjenje se encontrava antes e como já se encontra agora.

Bem hajam,
Luís Botelho