Posso chamar-vos irmãos como vos chamaria também Francisco de Assis?
Que a Paz esteja convosco.
Estive nas galerias do parlamento no passado dia 8 de Janeiro, para assistir à discussão e votação da petição popular em prol de um referendo e também das propostas de lei do casamento homossexual.
Entristeceu-me ver a bancada do PCP alinhar contra a proposta de auscultação ao povo - em referendo - rasgando, assim, em poucos minutos as vossas mais heróicas e corajosas páginas de resistência pelo direito de voto em liberdade ao longo de décadas, assim magnificamente sintetizadas pelo também comunista Zeca Afonso:
«o povo é quem mais ordena, dentro de ti, ó cidade»
Que se passa? O Zeca já morreu «as duas vezes» do poeta? Ninguém o escuta nem o lê? Ou lê mas não o atende?
É que ele também cantou assim:
«E embora seja ladrão
aquele que tenha mãe
lá tem no meio da luta
ternos afagos de alguém»
Se, para o Zeca, ninguém será completamente infortunado se ao menos tiver mãe, então se cá voltasse hoje o que acharia ele de ver o PCP alinhar em propostas de lei que atirarão crianças para casas onde não haverá um pai e... uma mãe?...
Se a proposta do governo, aprovada no parlamento, vier chumbada do Tribunal Constitucional e o PS lhe "podar" (e até estamos em tempo disso) a inibição de acesso à adopção de crianças, um deputado do PCP a quem o Zeca ainda diga alguma coisa não pode senão votar contra.
Abster-se, seria tibieza de aburguesados - não chega!
Vem chegando a hora e já chegou em que é preciso decidir pelo "superior interesse das crianças" ou admitir que os comunistas, num certo sentido, sempre "comem meninos ao pequeno-almoço". Também aqui, a opção do Zeca estava feita... e em belos versos. Merece ser respeitada pelos comunistas de hoje:
«O meu menino é de oiro
é de oiro o meu menino
hei-de levá-lo ao céu
enquanto for pequenino»
Irmãos comunistas, não vos torneis cúmplices - por omissão ou abstenção - daqueles que no PS, no PSD e no BE pretendem levar os nossos meninos... ao inferno.
Luís Botelho Ribeiro
nota: texto enviado por email no dia 15.01 para o Grupo Parlamentar e a direcção nacional do PCP. Sem resposta até agora...
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