1. por nossa culpa;
2. por nossa culpa;
3. por nossa tão grande culpa.
Justifico:
1. porque nos convencemos que "éramos ricos" - quando na verdade "estávamos ricos"... com dinheiro alheio, emprestado e... a devolver com juros;
:. logo, por nossa culpa.
2. porque a nós mesmo nos falsificámos, renegámos as origens, a matriz, a nossa identidade, degenerando num "nem carne nem peixe", insosso, irreconhecível em face do que natural e informalmente somos:
- complicámos e formalizámos quanto pudemos, alienando a capacidade de sonho, de ver as pessoas para lá das instituições;
- renegando a nossa simplicidade natural, o lado bom do "porreirismo" nacional, reprimimos a nossa tendência para a colaboração generosa e desinteressada;
- inebriados pelas promessas do estado social, abandonámos a ideia de Família e de comunidade, o padrão que dava a consistência ao tecido social português, séculos afora, desde os tempos dos Montes Hermínios, passando pela velha aliança dos "três (ou quatro) estados" e pela história tragico-marítima em que dolorosamente aprendemos o sentido de "estarmos todos no mesmo barco" (literalmente)
3. porque vendemos a alma ao diabo, em troca de um prato de lentilhas
- preferindo "ser como outros" em vez de "ser cada vez mais iguais a nós próprios"
- substituindo valores absolutos como o da vida e da liberdade humana, pelo relativismo ético
- trocando a verdade pela imagem,
- as pessoas pelo "sistema,
- a justiça pela conveniência,
- o "nós" pelo "eu",
- a "fé" pela desconfiada "acreditação",
- a qualidade pela quantidade,
- a liberdade pelo (ilusório) poder,
- a flexibilidade pelo formalismo,
- a responsabilidade pelo hedonismo,
- a força da razão pela razão da força (ou do poder),
- a franqueza pela dissimulação,
- a realidade pelo delírio,
- a poupança pela vida a crédito,
- a vergonha pelos resultados (ilusórios),
- a iniciativa pelo parasitismo
- a luta pela passividade
- a auto-confiança pela "estabilidade"
- a busca pelo conforto
- a cidadania pelo estado
Enfim, por nossa tão grande culpa,
sacrificando o futuro ao presente, já nem o presente é nosso!
Mas há solução?
Claro que há.
Por 900 razões - tantas quantos os anos decorridos desde que D. Afonso Henriques viu a luz em Guimarães*.
* sim, há-de ter sido em Guimarães, mais do que pela tradição, pela evidência.
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