terça-feira, julho 11, 2006

ARTE DE PROTESTO CÍVICO... uma tríptica electro-instalação «uso-te: fôlego-olhos-asas»




















l. mano apresenta uma electro-instalação na exposição de artes plásticas do ENCONTRARTES'2006












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um sistema avançado de monitorização florestal transforma-se num ciclope decapitado que tenta desesperadamente comunicar a sua mensagem aos humanos; um dispositivo de apoio ao resgate das vítimas da tragédia da ponte de Entre-os-Rios transforma-se num farol de verdades alternativas às “verdades” oficiais, num agonizante último fôlego subaquático; o protótipo de olho electrónico voador hiper-vigilia vê-se “desasado” por um poder político à Frei Tomás, sem “golpe de asa” »

2 comentários:

Luís Botelho Ribeiro disse...

uso-te (tríptico)
fôlego – olhos – asas

um sistema avançado de monitorização florestal transforma-se num ciclope decapitado que tenta desesperadamente comunicar a sua mensagem aos humanos; um dispositivo de apoio ao resgate das vítimas da tragédia da ponte de Entre-os-Rios transforma-se num farol de verdades alternativas às “verdades” oficiais, num agonizante último fôlego subaquático; o protótipo de olho electrónico voador hiper-vigilia vê-se “desasado” por um poder político à Frei Tomás, sem “golpe de asa”.
metáfora de quatro elementos: água, terra, fogo, ar, considerando os elementos terra e fogo sintetizados no painel central “olhos”, a máquina “vigília” criada para vigiar a nova Terra do Fogo (todo o interior de Portugal), mas transmutada após dolorosa operação de cegueira e decapitação metaforicamente infringidas pelos poderes instalados; este é um protesto contra o auto-silenciamento de uma arte subsidio-dependente que não protesta e dorme com os tiranos; este é um explítcito manifesto contra os tiranos, uma faca lançada de longe ao coração dum poder cínico que vem reduzindo a criação a coloridos inócuos; a ponte abatida de Entre-os-Rios, as florestas devastadas, as asas cortadas ao sonho dão mote a desesperadas mensagens em garrafas lançadas ao mar do RS232 para quem as quiser recolher e souber ler... o canal marítimo tem ruídos que deturpam nomes e mensagens que necessitam reconstrução e interpretação; todos os equilíbrios dos elementos electrónicos são frageis como a vida, toda a comunicação precisa de retorno do interlocutor – é diálogo electro-mecânico entre inteligência artificial e o intelecto agente humano; não há elementos superfluos, foram sendo perdidos algures no longo processo de selecção natural - todos desempenham função e pararão um qualquer imprevisível dia;
a força unificadora dos elementos é o terrível non de Vieira – o fôlego perdido para Ezequiel, os olhos para uma multidão de chacais, as asas para Gago, apesar do freitomásico apelo d’ACosta. O non que faz um país adiado e emigrante, em que até o governo coopera com os cidadãos que partem e está ao lado dos que não querem voltar – sim, este tríptico é apocalíptico e suicida, mas pode ser também farol e toque a rebate nas últimas consciências.
o velho vídeo meio-avariado e o receptor de TV, emprestam à instalação, ao aquático fôlego, as suas últimas energias: velhos são os trapos; a telúrica “vigília”, perturbadora máquina imperfeita sob simbólico 6, como HAL9000 em 2001, revolta-se e devolve ao humano o milenar manifesto da autoridade mecânica: “uso-te”
os pós, teias e terras reais trazidos de missões reais no terreno, de batalhas reais oferecidas ao poder dos tiranos – como que regressados das trincheiras, talvez do Iraque – símbolo também aqui convocado – talvez do rio Douro, das florestas queimadas de Sousa, dos ares ionizados saturados de CO2 pós-Kioto;

em cada transístor, cada condensador ou microprocessador, em cada bateria e em cada resistência... um resistente

Luís Botelho Ribeiro disse...

L. Mano
Artistic CV
In a ten-years time, from these rough hands came out these three technological objects. By the indiference of the public powers, they have acquired the non-utilitarian aspect that thunderly turned them into the aesthetic order of “pieces of human art”…
After the book “spirit of Guimarães”, after the world-music album “fado à Ria”, after four years in the melting pot school of the Porto Music Conservatory, twelve years in Aveiro, three in Alfama, nine between Guimarães and Braga, thirty eight in Paredes, months in Eindhoven, Liége, Curitiba and Rio… still breeding.

Expositions:
Ribeira de Pena 98, Vandoma-Paredes 99, Castelões de Cepeda - Paredes 99, Valença 99, Camarido – Caminha 99, Paredes-Sul e Lagares-Penafiel 2000, Sertã 2000, Portalegre 2000/01, V.N. Gaia 2000, Paços de Ferreira 2000, Trofa 2000, Fafe 2000, Bragança 2000, Paços de Ferreira / Lousada / Felgueiras 2001, Curitiba (Brasil) 2002, Albergaria-a-Velha 2002, Marvão 2002, Paredes 2002, Felgueiras 2003, Paredes 2003, Vale do Sousa 2004/2005; Paredes - June 2006; Penafiel - July 2006, Braga – August/Septembre 2006, University of Minho in Guimarães – October/Nevembre 2006 (programmed)


uso-te (I use YOU)
or
fôlego – olhos – asas (breath – eyes – wings)
VIGIL, an headless ciclope, desperately tries to ommunicate its hopeless message to humans through a serial communications port… at 9600 baud... The submersible bubble, conceived to help the rescue of the bodies after the tragedy of Entre-os-Rios (Portugal 2001: 59 victims), transforms into a lighthouse of alternative truth. The aerial forest-fire surveillance prototype also ends, just like Icarus, wings-amputated by niggard political powers...


artist’s statements
if art is a transcendental breeding of life - and if it's true that I’m still alive - then this life distillations can also be representative of a certain time/space and touch others... like only art does. So this visual-art adventure should be heard as a cry. It is also something of an Hara-kiri: it is and will be my only piece of visual-work, the first and last of a lifetime breathing. I laborate on it between successive expositions. So the work is "alive" in the sense that it interacts (electronic silent cries for help, through a serial comm cable... and radio waves); and it is also "alive" in its relation with the artist that is producing change in every contact. So, as in the famous Heraclitus sentence, those who see "uso-te" in different expositions will never see the same "object". It has changed a bit. Like themselves, after all...