No final do ano passado, em Gouveia, o Sr PR perguntava “porque razão os portugueses não estão a ter mais filhos” - levando, dentre muitas, uma "interessante" resposta do “ciclone dos Açores” Manuel Melo Bento, (vd. arquivo de 24.11.2007). A APFN e todos os grupos pró-Vida têm vindo a alertar para as consequências da política social e demograficamente suicida que tem vindo a ser seguida – sem qualquer receptividade do governo PS-BE, como seria de esperar.
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Agora, em momento de crise de combustíveis com 21 aumentos desde o início do ano, uma greve anunciada pelos pescadores a partir de 6ª feira, boicotes dos consumidores a circular na net – visando as principais petrolíferas; o país em grande queda de confiança e muitos economistas a confirmar um futuro difícil... vamos tomar a peito o desafio deixado pelo Sr Presidente da República numa recente visita a Braga, integrada no dito roteiro para a ciência. Reflictamos, pois, porque é que há em Braga apenas 5 empresas de excelência para mostrar e não 100. Atrevo-me a alvitrar algumas possibilidades de resposta, inspiradas num caso paradigmático que conheço bastante bem. A moda, bem sabemos, é nanotecnologias – e tudo o mais vá pró inferno... Mas nós podemos perguntar: o que é que as nano-tecnologias já fizeram ou farão pelo país para justificar um tal investimento publico deixando para trás o mar e as florestas?... Num país que arde como o nosso, as iniciativas e empresas de prevenção florestal sobrevivem com tanta dificuldade porquê?
A agenda tecnológica do país obedece às necessidades desta sociedade ou, para fazer boa “figura” nas conferências de ministros europeus, dirige-se a necessidades dos países mais avançados, procurando respostas para os problemas daqueles e deixando o nosso na mesma? Sei do que estou a falar – conheço projectos bastante bem financiados na área-coqueluche das nano-tecnologias e que pretendem desenvolver soluções que... já se encontram disponíveis! No mercado americano ou japonês? Não, no mercado português!
A dado passo, o anterior PR apadrinhou uma iniciativa da COTEC, a qual depois de lançada no terreno e de investimentos feitos por uma empresa do norte, acabou por cortar mais ou menos discricionariamente o piloto a norte, mas mantendo os do centro e sul... Agora a administração fiscal vem apropriar-se de mais de vários milhares de euros de PECs entregues. Supostamente o PEC devia ir sendo reclamado à medida que era pago: os do exercício de 98 em 2000; os de 2002 em 2003; os de 2003-2005 até 90 dias após a cessação da actividade. O IVA ver-se-á. Para isto, mais valia à administração não perder tempo e ocupar pessoas a escrever códigos tão extensos do IRC, do IRS ou do IVA – bastaria vir armado até às empresas e às pessoas e dizer “mãos ao ar!”. Ao Observatório da Ciência (público) que ainda hoje (em nome do INE) pede com carácter OBRIGATÓRIO o preenchimento do INQUÉRITO ANUAL (e quantos teóricos de gestão de C&T não terão sido doutorados com dezenas de inquéritos ao longo de 10 anos...) certa empresa respondeu: «A empresa já não existe, pelo menos no entender das finanças que - por essa razão - se recusam a devolver os Pagamentos Especiais por Conta (PEC) que de boa-fé lhes entregámos desde 1998 até 2005. Se para o Sr. Ministro da Ciência Tecnol. e Ens. Sup., esta ainda existe, então pedimos-lhe que, antes de nos exigir o preenchimento, connosco colaborem reivindicando a devolução de um elevado montante indevidamente retido pelo Ministério das Finanças»
Eis, Senhor Presidente, algumas das causas porque não encontra mais do que as tais 5 empresas e mesmo essas sabe Deus com que ajudas e balões de oxigénio. E há ainda o caso SIRESP arquivado pelo Ministério Público – eram 350 milhões de euros para comprar tecnologia quase toda estrangeira a um consórcio mais ou menos português. Aquilo é que foi um grande “plano tecnológico”!
Onde estão agora os defensores forenses dos lutadores pela liberdade? Temos ex-presidentes vivos que elegemos diante do currículo da barra durante o tempo da outra ditadura... mas que se calam perante a trituração jurídica a que vem sendo sujeito António Caldeira doPortugalProfundo. É muito conveniente falar da outra ditadura para nos distrair desta, falar do passado, de Abril, para nos esquecermos de que Abril é passado... estamos em Maio!
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As manifestações a favor do português na Galiza e as declarações do líder da esquerda catalã - O vice-presidente do Governo Autónomo da Catalunha, Josep-Lluís Carod Rovira (tão comentadas no Publico online - Dirigente fala em complexo histórico e paternalismo, Catalunha garante que "Espanha ainda não assumiu independência de Portugal” , 18.05.2008, (262 comentários até 20.05)
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Os Irlandeses preparam-se para referendar o Tratado de Lisboa a 12 de Junho. A campanha decorre com o Fianna Fáil e o Labour pelo SIM, os socialistas e Sinn Fein pelo NÃO. A 5 de Novembro 2007 havia 25% yes, 13% no, e 62% indecisos. A um mês do referendo, um terço de indecisos.
Os portugueses viram ser-lhes negada essa possibilidade pelos governantes (ditos) democráticos que, sobre isto, novamente lhes mentiram. Em particular os católicos ficaram sem qualquer meio prático de se opor à onda de laicismo europeu que, além do mal que já fez no nosso país, ainda pretende abrir a porta ao casamento e adopção por homossexuais, eutanásia, manipulação genética e experimentação com embriões humanos (em Inglaterra já fabricaram embriões-híbridos, monstros meio-humanos meio-animais).
Que mais espera a igreja portuguesa para mobilizar os cristãos para uma grande campanha de reflexão e resistência? Estará ela ainda do lado da Vida? Ou está à espera de ver o país bater ainda mais no fundo? Pode acontecer que no momento em que finalmente decidir mexer-se... já não lhe prestem atenção os mais activos e inconformados que hoje lhe apelam como quem prega no deserto. Talvez já então sejam pastores sem rebanho, por o terem deixado tresmalhar-se... por terem receado levantar ondas.
A (falta de) coragem da Igreja portuguesa CLERO E LEIGOS INCLUIDOS – mas a hierarquia tem aqui maior responsabilidade! Há tempos um pároco, receando perder freguesia?, recusou-se falar sequer de um abaixo-assinado que corria na terra contra instalação de um centro de aborto na sua paróquia! Leia-se atentamente a entrevista de D. Manuel Martins na revista Única, anexa ao Expresso de 17 de Maio. Neste ano em que se celebra a campanha de Humberto Delgado, recorde-se também a coragem de um D. António Ferreira Gomes diante de Salazar (sob a divisa “de pé diante dos homens, de joelhos diante de DEUS”), de um Padre Cruz diante do laicismo triunfante da 1ª república de Afonso Costa, um P.e António Vieira ao lado dos direitos dos nativos, contra os abusos dos senhores dos engenho, de um D. Manuel Martins diante da fome e da injustiça em Setúbal, de um D. António - Prior do Crato diante do imperialismo espanhol...
Falo aqui bastante da intervenção da Igreja (ou falta dela), porque o actual regime tem muito bem controlado o acesso aos grandes canais de televisão, manietando a sociedade até que esta talvez expluda... por exemplo por causa de uma crise energética. Ora em outras sociedades igualmente manietadas, verifica-se que a voz do clero acaba por ser o último recurso de expressão da vontade de mudança por parte das pessoas. Em Portugal, como se vê pelo drama do PSD, nem os actuais partidos de oposição conseguem manter uma posição de credibilidade e confiança junto dos cidadãos. Para quem se hão-de eles então voltar? Para a DECO? Para a Amnistia Internacional? Para o Banco Alimentar contra a Fome ou a Caritas? Para a AMI? São boas instituições mas pequenas! Para a Universidade? Sobrevive com o garrote do orçamento de Estado (em vez de obrigar os estudantes e todos a assumir uma postura mais responsável e, por isso, mais reivindicativa em prol da qualidade de Ensino... Para o Exército? Nem “passeios do descontentamento” lhes permitem fazer... quanto mais uma “marcha sobre Lisboa”. Na prática só resta a Igreja católica!
«O que vemos praticar em todos os reinos do mundo é que [...] são os ladrões que levam consigo os reis (ou os presidentes) ao inferno. E se isto é assim [...] ninguém me pode estranhar a clareza com que falo e falarei [...] antes (deve) admirar o silêncio e condenar a desatenção com que os pregadores dissimulam uma tão necessária doutrina, sendo a que devera ser mais ouvida e declamada nos púlpitos.»
P.e António Vieira, in “sermão do bom ladrão”
Resta-nos esta esperança de que...
«A verdade, quando impedida de marchar, refugia-se no coração dos homens e vai ganhando em profundidade o que parece perder em superfície... Um dia, essa verdade obscura, sobe das profundidades onde se exilara e surge tão forte claridade, que rasga as trevas do Mundo.»
Rolão Preto
1 comentário:
Grato pela solidariedade, Luís.
O que nos surpreende é que nesta era tecnológica, continua a vigorar a força omnipotente do poder sobre o simples cidadão... Não pode durar, sabemos. Mas, enquanto dura, sofremos-lhe a raiva por os pormos em causa.
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