Tentámos perceber a razão de o perfil do PM manter a referência à pós-graduação em Eng. Sanitária (de curta duração) e omitir o MBA, um título supostamente mais prestigiante e até bem mais relevante para o desempenho da função de Chefe do Executivo.
Depois de tudo o que aconteceu, começámos por verificar a existência do MBA em causa. Verificámos a sua existência, apesar da falta de informação complementar no sítio do INDEG/ISCTE, e cruzámos este dado com a lista internacional de códigos de programas GMAT. Bate tudo certo. Na pág. 88 lá está o programa no ISCTE com o código CGL-5L-89 (inscrição em 89). No entanto (ooops!) no campo que qualquer outro MBA português preenche com o tipo de programa "MBA-Full time" (p.ex. Católica desde 78) ou "MBA-Part time" (p.ex. Universidade Nova desde 1997), o funcionário do ISCTE que preencheu o campo (talvez não tivesse feito Inglês Técnico com L. Arouca) baralhou-se e preencheu com "A/C comissão de mestrado". Não é grave - o Instituto Empresarial Portuense também baralhou as colunas...
O MBA, por conseguinte, existe, é reconhecido e deve estar "nos conformes", ou seja, segundo os padrões internacionais. Sendo assim, embora a informação online que encontrámos não fosse explícita, admitimos que, tal como é prática comum, também este MBA exija a realização de provas de ingresso, de reconhecida dificuldade - o GMAT e por vezes também TOEFL® ou TOEIC®. Não sabemos se é o caso do MBA do ISCTE mas é coisa fácil de verificar. Estes testes são geridos por uma única entidade a nível mundial - GMAC - a qual certifica os resultados obtidos e conserva a classificação. Os candidatos ficam então habilitados a concorrer a qualquer escola que os exijam como pré-requisitos, sendo que as classificações têm um prazo de validade. Acontece que em certos casos, mesmo nas melhores escolas internacionais admite-se dispensa, p.ex. quando o candidato comprova 15 anos de experiência de gestão.
Perante isto, alguém com renitência em submeter-se a provas de elevada exigência científica, talvez sentisse a tentação de tentar obter dispensa. Não foi certamente o caso de alguém que, bravo como Horácio, "não teme tempestades". Fica-nos pois esta curiosidade: o cidadão José Sócrates que, segundo Luís Reto, concluiu o seu MBA no ISCTE em 2004 ou 2005, (tendo entrado supostamente em 2003 ou 2004), terá também feito o seu teste GMAT? Se fez, (talvez em 2002 ou 2003) concerteza obteve nele uma classificação acima de 750 a qual, para se cumprir o desiderato do Sr. Ministro Prof. Mariano Gago, deve ser agora amplamente divulgada de modo a "encher de regozijo os portugueses". De regozijo e até de algum desculpável orgulho em mais esta prova da capacidade intelectual do Primeiro-Ministro que democraticamente escolheram. Quem com tanto gosto abriu aos portugueses os seus dossiês académicos na passada 4ª feira, pode já agora mostrar também a sua folha GMAT. Se, como afirma o responsável do ISCTE, foi o melhor aluno à saída do curso, é expectável que também tenha tido uma dos melhores notas de entrada. A menos que tenha entrado por outra porta graças aos anos (mais de 15?) de experiência empresarial na Sovenco, apesar de a "blosgosfera de sarjeta" assegurar que foi menos de um ano.
Notas finais:
---------------
[1]
Há centenas de entidades a conferir MBAs no mundo e por isso não oferece qq dificuldade a pesquisa dos pré-requisitos exigidos. A título de exemplo picamos um excerto da apresentação do TRIUM:(NYU Stern, London School of Economics and Political Science, and HEC School of Management, Paris)
«[...] Admission requirements
The admissions process is rigorous and selective, but also highly attentive to who you are and what qualities you'll bring to the TRIUM cohort. As the program is designed specifically for leaders in the international arena, a candidate's record of professional achievement is the most critical factor in determining admission.
Candidates must have:
At least 10 years of business experience, 5 years of management experience, International experience, and Company sponsorship for time (although most students also receive financial sponsorship, it is not a requisite for admission).
Candidates with less than 15 years of business experience are required to take the General Management Aptitude Test (GMAT).
Candidates whose native language is not English will be required to take an English language competency test. For more information on the TOEFL® or TOEIC®, please contact the Educational Testing Service and for more information regarding the IELTS test please visit IELTS.»
----------
[2]
Mesmo em Portugal, há já escolas a preparar os candidatos especificamente para o GMAT. Entre outras veja-se este studium-institute:
«Aulas de Preparação para o GMAT
Bem Vindo(a)!
Se está a procurar informações sobre o GMAT é porque estará interessado em ingressar num MBA. Antes de mais, quero dar-lhe os meus parabéns pois é uma opção acertada!
No entanto, para ser aceite num programa de MBA, é necessário realizar o teste GMAT e obter a melhor classificação possível pois a concorrência é cada vez maior... e mais bem preparada!
O GMAT é um teste muito diferente dos que estamos habituados em Portugal e um pouco difícil. »
Nota 1: o Público de 16.04.2007 , Domingo, traz na pág. 17 um anúncio de 1/4 de página dum curso de preparação para o GMAT na E.G.E. (Universidade Católica, Associação Empresarial de Portugal, Universidade de Aveiro). É preciso mais para demonstrar a dificuldade e importância do GMAT? Daí questionarmos se também por esta prova passaram certos MBAs portugueses.
3 comentários:
---
Última hora: depois do carro... segundo a GNR de Lordelo PRD, agora foi a casa...
Questão ao homem das probabilidades: qual a probabilidade de alguém que escreve o que pensa num país livre e democrático, em apenas 10 dias ver roubado e destruído o seu carro (3 de Abril) e assaltada e vandalizada a sua casa (13 de Abril)?
http://questao-dos-universais.blogspot.com/2007/04/jos-scrates-e-o-clculo-de.html
Isto começa a ser um verdadeiro caso de polícia. Vou requerer protecção...
Mas afinal porque terá sido omitido o MBA? Chegou a descobrir ou tem só uma desconfiança?...
Cara homoclínica, Não tenho desconfiança nenhuma, nem confiança - já agora. Limitei-me a fazer um pequeno raciocínio de plausibilidade e a procurar alguns dados em falta. De resto a forma interrogativa diz tudo - interrogo-me e convido-vos a interrogarem-se também... É como se alguém colocasse no currículo a 4ª classe e omitisse o curso secundário. .. Não sei sequer se há algma razão.
Enviar um comentário