quinta-feira, abril 12, 2007

Reclamação ao provedor do telespectador (04-04-07) / resposta de Fernanda Mestrinho (12-02-07)

enviado por email em 04-04-07:

A imprensa tem também agora o dever de pugnar pela sua/nossa independência das pressões do governo. Por uma pública reclamação de contraditório por parte dum ministro do PSD e pela "sugestão" de Paes do Amaral a Marcelo Rebelo de Sousa, toda a imprensa protestou em coro.

As reiteradas, insistentes e agora denunciadas pressões do Governo, com o próprio P.M. à cabeça, sobre vários orgãos de comunicação social hão-de agora ficar impunes? Estranho é que a RTP não tenha precisado de ser pressionada... para não considerar este caso um "assunto" de interesse público. Será que também hoje, ao telejornal, a RTP continuará a não achar "assunto" as queixas de José Manuel Fernandes, Sarsfield Cabral e do director da SIC-Notícias sobre a tentativa de condicionamento da liberdade de imprensa pelo próprio Primeiro-Ministro? Veremos até onde chega a televisão da nossa vergonha!

Mais uma vez se verifica que a RTP, paga por todos nós para nos informar sobre o que nos interessa e não sobre o que o Governo determina que nos interessa, confunde o «interesse público» com as conveniências da sua tutela. Maior mancha nos 50 anos de televisão não podíamos hoje lamentar. Ou então... não se podia pedir melhor síntese de 50 anos ao serviço do Poder instituído.

Tal como no caso de Clinton x Monica, a partir de certo ponto o mais grave já não é o incidente em si mas a mentira ao Juíz, no caso americano, ou ao Povo, no caso português.

A tentativa de silenciar a rádio Renascença, a tentativa de determinar o que é assunto para a SIC, os telefonemas para o jornalista do Público, confirmado por José Manuel Fernandes, e tantos outros jornalistas, são em si mesmos gravíssimos atentados à Democracia portuguesa que os cidadãos não podem aceitar que passem em claro.

Sr. provedor,
Leia http://doportugalprofundo.blogspot.com, tenha vergonha e denuncie a censura na RTP ou demita-se!

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Fernanda Mestrinho [fernanda.mestrinho@rtp.pt] Enviada: qua 11-04-2007 11:07


Ex.mo Senhor
Botelho Ribeiro
Em nome do Provedor do Telespectador agradeço o email que enviou.
Foi lido com a devida atenção o conteúdo da sua mensagem.Informa-se que, perante outras reclamação, foi indagado o Director de Informação, que respondeu:
« A informação sobre o caso do diploma do Primeiro- Ministro foi recolhida e tratada pelos nossos jornalistas e não com base naquilo que alguns jornais escreveram».
Quanto às pressões sobre jornalistas, diga-se que o caso está a ser analisado pela Entidade reguladora».
Não deixará o Provedor, como já fez em relatórios e nos seus programas « A Voz do Cidadão», de insistir - no âmbito das suas competências- na objectividade e imparcialidade da Informação.
Renovando os nossos agradecimentos pela sua colaboração
Melhores cumprimentos
Chefe de Gabinete dos Provedores
Fernanda Mestrinho

1 comentário:

Anónimo disse...

so se confirma o diagnostico de 2003:

A problematização do Serviço Público de televisão em Portugal e da sua relação com os telespectadores passa necessariamente pela história política e económica da Radiotelevisão Portuguesa (RTP). É impossível compreender a complexa relação com os seus públicos, e com a sociedade portuguesa em geral, sem um recuo no tempo, sem um olhar sobre o passado desta empresa e sobre o ambiente em que ela se implantou. Este capítulo pretende apresentar alguns elementos que contribuam para a compreensão deste presente, visa equacionar algumas questões que possam ajudar a explicar o status quo. Olhando para a história do país e da RTP, procuraremos demonstrar que servir o público nunca fez parte das preocupações nucleares deste Serviço Público. Independentemente das formas como poderia ter sido auscultado o interesse público, esta dimensão jamais adquiriu alguma centralidade. No essencial, a RTP manteve e perpetuou uma lógica de funcionamento de relevante prestação de serviço, mas ao poder político.

http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/1002