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Um evento fantástico, uma manhã de sol radioso bem nos "idos" de Julho com as férias à porta, 6000 ciclistas muito bem dispostos apesar do Estado do país e do recente atentado à cidadania (caso do Prof. Charrua, a quem já aqui apoiámos) ocorrido precisamente nessa cidade que tanto se Honra da sua tradição liberal e democrática! Muito bem organizado, o "Passeio ciclista do Porto" foi uma extraordinária iniciativa de promoção do desporto ao ar livre e - en passage - de convite a uma "vida com projectos" e sem droga. (A maior ironia é que a vida de tantos dos nossos projectos termine às mãos da "droga"... dos nossos actuais políticos!)
Apesar de tudo, Rui Rio não perdeu a oportunidade para "espetar umas agulhinhas" no governo, insinuando nos seus painéis electrónicos que as "massas" para estes eventos de massas - 6000 bicicletas, capacetes e mochilas "oferecidas" por apenas 50 euros - aparecem à custa dos cortes do governo PS ao seu programa "Porto Feliz". Será? A ser verdade, da próxima vez dou moedinha ao arrumador. Um cartaz do "Porto Feliz" dizia "Por muito que lhe custe, não dê (a moedinha). Nós damos por si!". Se o programa encerra, presumo que, por muito que nos custe, devemos, nós os cidadãos, voltar a dar. Talvez assim estejamos a devolver alguma felicidade "roubada" pelo governo ao Porto... ou aos arrumadores... ou ao rio.
Se ficou a matutar no despropósito a que me referia lá em cima, esclareço. Centrada na figura de Scolari, a linguagem "abrasilerada" - no pior sentido - parece querer citar uma expressão muito comum no Brasil: "correr atrás". Vá-se lá saber porquê (e esperemos que não haja aqui dedo do lobby Gay) a expressão aparece lamentavelmente deturpada: "Ser Fã é ser causa e consequência. É estar lá, ir atrás. [...]".
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A "corrida da cidadania" é uma volta com muitas etapas e que exige alguma "pedalada". Vai daí, não perdemos a oportunidade para também nós insistirmos em algumas das nossas mensagens cívicas. Na primeira, pretendemos lembrar ao povo do Porto o monumental erro cometido pelos portugueses a 11 de Fevereiro. Mostrámos-lhe uma imagem de um bebé abortado às dez semanas. E junto da imagem a famosa frase de Sofia de Melo Breyner Andresen: "aqueles que ninguém quis amar".
A imagem, impressa a preto e branco, fica pouco perceptível e não choca. A "frase" é um verso da sabedoria de Sophia. Assim implícitas - a imagem e
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Noutra bandeira, a imagem (criação do Kaos?) da campanha cívica de censura da blogosfera a José Sócrates. Os motivos explicados a quem civilizadamente os questionou, aqui ficam também:
- não posso ficar calado quando dois professores com cancro terminal são obrigados a trabalhar até morrer;
- não posso calar a indignação perante o cinismo de quem, primeiro responsável pelo "apertar da malha" da Caixa de Aposentações (sempre o défice!), se diz "chocado com estes casos", como se as "juntas médicas" não estivessem a cumprir escrupulosamente as directivas políticas do governo. Se as não cumprissem, certamente seriam alvo de procedimento disciplinar. Não foram. E bem temos visto como este governo trata funcionários que apenas soltam umas bocas... quanto mais não fariam perante insubordinados. Dizer que se vai mudar as regras é desviar atenções - o problema não é só (mas também é!) a presença de um não-médico nas juntas. Na realidade, o que terá de mudar são as orientações draconianas que estas juntas sempre aplicaram, ao que se vê agravadas nos últimos tempos.
- Não posso pactuar com a perseguição de cidadãos como A. Balbino Caldeira, a ex-Directora do Centro de Saúde de Vieira do Minho, os funcionários de um certo serviço do Ministério da Saúde em Castelo Branco a quem a correspondência pessoal passou a ser devassada e, enfim, ao já mencionado Prof. Charrua. Que país é este? Ao que chegou o regime que ainda se tem por Democrático? Se pensarmos que também mantém na constituição (art.º 24) que "a vida humana é inviolável", ficamos com uma ideia muito clara do relaxamento interpretativo a que os princípios constitucionais podem ser sujeitos pelo presente regime. E se não quisermos ficar pela expressão "relaxamento interpretativo" podemos mesmo dizer "manipulação sectária".
- Não posso ficar tranquilamente a ver a incompetência dos nossos governantes afundar um país que já foi grande e até próspero; a economia num beco e sem uma visão estratégica mobilizadora para as pessoas concretas, para os agentes; o desemprego a crescer apesar de mitigado nos indicadores pela velha panaceia da emigração; não posso concordar com o regresso ao afunilamento do investimento público em Lisboa e em projectos megalómanos como a OTA, subordinados a agendas escondidas que mais e mais revelam o estrangulamento do poder político pelos interesses económicos mais obscuros;
- Não posso aceitar que o caminho para uma vitória política (referendo ao aborto) tenha sido preparado mantendo na gaveta as ditas "medidas de apoio à natalidade e à família", só agora lançadas sob um coro de geral aprovação a que se juntou o Presidente da República. Maquiavel não pensaria melhor: "deixa-os clamar que não há ajudas para criar os filhos e pede-lhes primeiro que te aprovem o aborto a pedido. Depois, então, dá-lhes alguma ajuda mas não muita para não te perguntarem porque a não deste mais cedo..."
- Perco confiança no Sistema Judicial quando assisto à subalternização da Justiça ao poder político, patente na "convocatória dum juiz do Tribunal Constitucional" para o Governo, na extrema parcimónia da Procuradoria-Geral da República em investigar as habilitações de José Sócrates que lhe terão proporcionado a subida de escalão na Câmara da Covilhã, na descarada partidarização do Conselho Superior da Magistratura;
- Partilho da "falta de segurança" de cada vez mais portugueses quando na mesma semana (por coincidência logo após escrever umas achegas ao caso da "engenharia" de Sócrates) me roubam o carro, mo destroem e me invadem a casa;
- Tanta coisa, enfim, que prenuncia um futuro centralizado, envelhecido, adiado... abortado!
De resto muitos portuenses me cumprimentaram e saudaram, apoiando o gesto. Outros criticaram-nos, também, como seria de prever. Apontavam-lhe algum certo...
...excesso de moderação! :-)
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