domingo, julho 22, 2007

1º Porto Bike Tour - uma "marabilha"!


Descontando o nome em inglês, a propaganda ao regime sempre apadrinhada pelo(s) grande(s) monopólio(s) do Estado (e o Estado, parafraseando Ortega y Gasset, é ele próprio e as suas "circunstantes" - CGD, SCML, PT, BES, CTT, TMN, ...), o despropósito da campanha "Caixa Fã" e o meu joelho ferido , bem se pode dizer, à moda da Ribeira, que este passeio de Gaia ao Porto foi uma "marabilha". A ponte (da Arrábida) foi "passagem para a outra margem" e bela "miragem" da Foz.

Um evento fantástico, uma manhã de sol radioso bem nos "idos" de Julho com as férias à porta, 6000 ciclistas muito bem dispostos apesar do Estado do país e do recente atentado à cidadania (caso do Prof. Charrua, a quem já aqui apoiámos) ocorrido precisamente nessa cidade que tanto se Honra da sua tradição liberal e democrática! Muito bem organizado, o "Passeio ciclista do Porto" foi uma extraordinária iniciativa de promoção do desporto ao ar livre e - en passage - de convite a uma "vida com projectos" e sem droga. (A maior ironia é que a vida de tantos dos nossos projectos termine às mãos da "droga"... dos nossos actuais políticos!)

Apesar de tudo, Rui Rio não perdeu a oportunidade para "espetar umas agulhinhas" no governo, insinuando nos seus painéis electrónicos que as "massas" para estes eventos de massas - 6000 bicicletas, capacetes e mochilas "oferecidas" por apenas 50 euros - aparecem à custa dos cortes do governo PS ao seu programa "Porto Feliz". Será? A ser verdade, da próxima vez dou moedinha ao arrumador. Um cartaz do "Porto Feliz" dizia "Por muito que lhe custe, não dê (a moedinha). Nós damos por si!". Se o programa encerra, presumo que, por muito que nos custe, devemos, nós os cidadãos, voltar a dar. Talvez assim estejamos a devolver alguma felicidade "roubada" pelo governo ao Porto... ou aos arrumadores... ou ao rio.

Se ficou a matutar no despropósito a que me referia lá em cima, esclareço. Centrada na figura de Scolari, a linguagem "abrasilerada" - no pior sentido - parece querer citar uma expressão muito comum no Brasil: "correr atrás". Vá-se lá saber porquê (e esperemos que não haja aqui dedo do lobby Gay) a expressão aparece lamentavelmente deturpada: "Ser Fã é ser causa e consequência. É estar lá, ir atrás. [...]".

Com que então, entre outras coisas, "Ser Fã é ir atrás"? Recusamo-nos a aceitar tão grosseira generalização. Haverá, certamente, entre os milhões de fãs de variadíssimas modalidades desportivas alguns que, como se disse, "vão atrás". Mas se fosse possível realizar uma sondagem, o resultado decerto indicaria que são muitos mais os que preferem "ir à frente". Que não haja mal-entendidos: ir à frente, marchar adiante é estar na vanguarda. É empreender e ser pioneiro - não é certamente deixar-se ficar lá atrás, seguir, imitar sem criticar, obedecer sem questionar. De resto, não podia ser intenção da Caixa sugerir que os seus clientes "Caixa Fã" gostavam da ideia de ficar para trás... dos clientes de outros bancos. Ou, ainda pior, que ao tornar-se"Caixa Fãs" confirmavam a sua resignação (ou preferência) por... "ir atrás"!
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A "corrida da cidadania" é uma volta com muitas etapas e que exige alguma "pedalada". Vai daí, não perdemos a oportunidade para também nós insistirmos em algumas das nossas mensagens cívicas. Na primeira, pretendemos lembrar ao povo do Porto o monumental erro cometido pelos portugueses a 11 de Fevereiro. Mostrámos-lhe uma imagem de um bebé abortado às dez semanas. E junto da imagem a famosa frase de Sofia de Melo Breyner Andresen: "aqueles que ninguém quis amar".

A imagem, impressa a preto e branco, fica pouco perceptível e não choca. A "frase" é um verso da sabedoria de Sophia. Assim implícitas - a imagem e a frase - entende-as quem quiser entender...

Noutra bandeira, a imagem (criação do Kaos?) da campanha cívica de censura da blogosfera a José Sócrates. Os motivos explicados a quem civilizadamente os questionou, aqui ficam também:

- não posso ficar calado quando dois professores com cancro terminal são obrigados a trabalhar até morrer;

- não posso calar a indignação perante o cinismo de quem, primeiro responsável pelo "apertar da malha" da Caixa de Aposentações (sempre o défice!), se diz "chocado com estes casos", como se as "juntas médicas" não estivessem a cumprir escrupulosamente as directivas políticas do governo. Se as não cumprissem, certamente seriam alvo de procedimento disciplinar. Não foram. E bem temos visto como este governo trata funcionários que apenas soltam umas bocas... quanto mais não fariam perante insubordinados. Dizer que se vai mudar as regras é desviar atenções - o problema não é só (mas também é!) a presença de um não-médico nas juntas. Na realidade, o que terá de mudar são as orientações draconianas que estas juntas sempre aplicaram, ao que se vê agravadas nos últimos tempos.

- Não posso pactuar com a perseguição de cidadãos como A. Balbino Caldeira, a ex-Directora do Centro de Saúde de Vieira do Minho, os funcionários de um certo serviço do Ministério da Saúde em Castelo Branco a quem a correspondência pessoal passou a ser devassada e, enfim, ao já mencionado Prof. Charrua. Que país é este? Ao que chegou o regime que ainda se tem por Democrático? Se pensarmos que também mantém na constituição (art.º 24) que "a vida humana é inviolável", ficamos com uma ideia muito clara do relaxamento interpretativo a que os princípios constitucionais podem ser sujeitos pelo presente regime. E se não quisermos ficar pela expressão "relaxamento interpretativo" podemos mesmo dizer "manipulação sectária".

- Não posso ficar tranquilamente a ver a incompetência dos nossos governantes afundar um país que já foi grande e até próspero; a economia num beco e sem uma visão estratégica mobilizadora para as pessoas concretas, para os agentes; o desemprego a crescer apesar de mitigado nos indicadores pela velha panaceia da emigração; não posso concordar com o regresso ao afunilamento do investimento público em Lisboa e em projectos megalómanos como a OTA, subordinados a agendas escondidas que mais e mais revelam o estrangulamento do poder político pelos interesses económicos mais obscuros;

- Não posso aceitar que o caminho para uma vitória política (referendo ao aborto) tenha sido preparado mantendo na gaveta as ditas "medidas de apoio à natalidade e à família", só agora lançadas sob um coro de geral aprovação a que se juntou o Presidente da República. Maquiavel não pensaria melhor: "deixa-os clamar que não há ajudas para criar os filhos e pede-lhes primeiro que te aprovem o aborto a pedido. Depois, então, dá-lhes alguma ajuda mas não muita para não te perguntarem porque a não deste mais cedo..."

- Perco confiança no Sistema Judicial quando assisto à subalternização da Justiça ao poder político, patente na "convocatória dum juiz do Tribunal Constitucional" para o Governo, na extrema parcimónia da Procuradoria-Geral da República em investigar as habilitações de José Sócrates que lhe terão proporcionado a subida de escalão na Câmara da Covilhã, na descarada partidarização do Conselho Superior da Magistratura;

- Partilho da "falta de segurança" de cada vez mais portugueses quando na mesma semana (por coincidência logo após escrever umas achegas ao caso da "engenharia" de Sócrates) me roubam o carro, mo destroem e me invadem a casa;

- Tanta coisa, enfim, que prenuncia um futuro centralizado, envelhecido, adiado... abortado!


De resto muitos portuenses me cumprimentaram e saudaram, apoiando o gesto. Outros criticaram-nos, também, como seria de prever. Apontavam-lhe algum certo...
...excesso de moderação! :-)

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