segunda-feira, novembro 19, 2007

em terra de cegos... quem tem um olho?


Esta é a breve história duma "boca" a um "hino multimédia" à excelência na inovação, triunfalmente apresentado num dos primeiros eventos Cotec. O vídeo, apreentado à "nata do empreendedorismo nacional", no auditóro da Culturget, no edifício-sede da CGD em Lisboa, repetia até à exaustão como numa sessão de lavagem cerebral: agarre esta fórmula, compenetre-se desta fórmula, sonhe com esta fórmula, ame esta fórmula...

Mas afinal a fórmula estava... redondamente errada, em fa
ce dos objectivos da mensagem. Dizia o contrário do que parecia e era suposto, perante uma vasta assembleia passiva que a "comprava" acriticamente. Como pode ter futuro tecnológico uma "seita" adormecida que não sabe ou se dispõe a pensar pela sua cabeça? Que plano tecnológico poderá colmatar a essencial brecha da colossal obra de reposicionamento da nossa nova(?) economia?

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De:
Lusoptel [lusoptel@sapo.pt]
Enviado: sexta-feira, 30 de Abril de 2004 0:43
Para: **************@cotec.pt
Assunto: A fórmula que agarrámos todos... parece estar errada! :-)
E esta, hem?
A ideia era que o povo HiTec apostasse na Inovação, na Estratégia e na e-xcelência para conseguir maximizar resultados, certo?
O problema é que a fórmula que nos convidaram a agarrar mostra que... quanto maior a excelência, piores os resultados! (mantendo I e E)
Pela nossa parte diríamos que sim, agarrámos a fórmula...
... pelos colarinhos!
E ao fim dumas valentes sacudidelas ela acabou por confessar a verdadeira identidade:
(I+E)^e=R (com e>1)
Agora a questão que se põe é a seguinte: reúne-se numa sala a massa cinzenta do país, presidente incluído. E ninguém se dá conta do equívoco da grande revelação...
Enfim... talvez seja de mandar uma errata via sms, como as outras, a rectificar.
Melhores cumprimentos,
Luís Botelho



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O resultado desta pilhéria típica do cansaço "after-hours", enviada a alguns amigos(?) da Cotec e do Inesc foi, pensamos nós, algum inofensivo desopilar dos bons fígados. Porém, pouco depois (em Julho) começaram a surgir sinais de que iríamos sofrer um corte drástico nas nossas verbas dum projecto conjunto, integrado na iniciativa florestal, alegadamente por causa dum atraso de alguns dias... (quando outros atrasos e até incumprimentos de outros parceiros nenhuma penalização merecera que se saiba; além disso, muitíssimas obras sofrem atrasos em Portugal sem que caia o Carmo e a Trindade - até quando mesmas têm o Alto Patrocínio do... Espírito Santo, como acontece recentemente com a nova Basílica de Fátima, cuja inauguração estava previsto ocorrer em Maio e só aconteceu em Outubro). Não seriam afinal bons todos os fígados do lado de lá? Não sabemos. Sabemos, isso sim, que o apelo para o então Presidente Jorge Sampaio, apoiado por uma série de municípios, esbarrou na surdez cívica de quem não se pode queixar de falta de aparelho auditivo... (ficará mais essa falta a juntar-se a outras - mais graves, de resto - típicas de um "segundo mandato")

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Pouco depois, um episódio sem graça nenhuma mas que lembra o início do clássico romance Ben-Hur: um tijolo caiu acidentalmente de um prédio de Lisboa sobre o presidente executivo da Cotec. Quis, felizmente, a providência que este sobrevivesse após vários meses em coma. Prontamente atendido pelo Alto o apelo laico de Jorge Sampaio no "dia Cotec" ao pronto e completo restabelecimento do seu amigo, ei-lo de volta à lide, embora sem ganhar para o susto...

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Será isto o desconcerto (laico-teológico) do mundo?

«Ao desconcerto do Mundo

Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.

Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só para mim,
Anda o mundo concertado.»

Luís de Camões

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